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Pesquisa Aborda Desinformação Em Vídeo Do Canal Brasil Paralelo

Pesquisa aborda desinformação em vídeo do canal Brasil Paralelo

Em programa dedicado a uma suposta cobertura dos fatos relativos aos procedimentos de prevenção e combate à covid-19, canal do YouTube dissemina desinformações

Como as estratégias retóricas são utilizadas em discursos desinformativos sobre Covid-19 em vídeos de alta visualização na plataforma YouTube? Para responder a esta questão, as pesquisadoras Cristiane Sinimbu Sanchez e Karina Pierin Ernsen Alves, integrantes do COMPADD, selecionaram e analisaram um vídeo do Canal Brasil Paralelo. O trabalho será publicado no formato de artigo científico intitulado “A retórica da desinformação: análise do discurso sobre Covid-19 no YouTube”, e apresentado dia 24 de novembro, no XV Simpósio de Comunicação da Região Tocantina.

A pesquisa identificou no vídeo diversos discursos fora de contexto ou com informações já verificadas como inverdades, como por exemplo as relacionadas à eficácia do distanciamento social e lockdown. Além disso, ficou realçada a leitura e interpretação deturpada de dispositivos legais e uma visão equivocada sobre a viabilidade de medidas como, por exemplo, o auxílio emergencial. A mídia tradicional é acusada de deturpar a realidade de forma tendenciosa.

Segundo as pesquisadoras, o vídeo estudado apresenta referências a teorias conspiratórias de uma dominação global e “inimigos” declarados, tais como a OMS e governadores que seguiram os protocolos de segurança de instituições científicas e organizações internacionais de saúde. São também apresentados negativamente alguns jornalistas e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Todos são equiparados a ditadores, falseadores da verdade e acusados de propagadores de mentiras, bem como de dilapidadores dos valores ditos “conservadores”. Para transmitir essa mensagem de forma convincente, são utilizados recursos dramáticos, realçando, conforme o teor da informação, emoções positivas ou negativas. Do outro lado, são apresentados “especialistas”, enaltecidos como autoridades no assunto.

No dia do lançamento do vídeo, o Brasil contabilizava 1.280 mortes por Covid-19, números bem abaixo das atuais mais de 610.000 vidas perdidas pela doença. No entanto, seu conteúdo não foi retratado ou retirado do ar e continua ressoando o que, agora, constitui-se como misinformation e desinformação, visto que as medidas adotadas à época se mostraram efetivas e necessárias. Os autores do vídeo poupam o presidente Jair Bolsonaro, sem apontar a responsabilidade deste na condução da crise, a qual, na verdade, mostrou-se catastrófica e, comprovadamente, teve impactos diretos na perda de milhões de vidas.

Brasil Paralelo

A Brasil Paralelo (BP) é uma empresa registrada no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) que tem como atividade principal a produção de conteúdo de informação por meio da internet. Possui contas nas principais redes e plataformas digitais, tais como Instagram, Facebook, Twitter e YouTube. Na descrição que consta em seu canal, diz que “por meio de nossas produções trabalhamos para fortalecer em nossa cultura os valores e tradições que, notoriamente, ao longo da história conduziram a humanidade à paz e prosperidade”. O canal, lançado em 2016, possui 498 vídeos, contabilizando 1.950.000 inscritos e 132.041.516 visualizações em seus conteúdos, os quais vão desde comportamento, passando por história, política, até ciências e música.

Fakes News e desinformação

A indústria de fake news e desinformação busca emular a mídia tradicional ao utilizar uma retórica carregada de elementos que estabelecem um certo grau de confiança e credibilidade. Quem fabrica conteúdo enganoso confere facticidade a partir de uma notícia distorcida ou de um fato inventado. Vários recursos são utilizados para alcançar esse objetivo, como mimetismo, autoridade, bolhas de filtros, câmaras de eco, affordances das plataformas digitais etc., de modo a disseminar sua propaganda, conforme apontam alguns estudos.

Sobre o SIMCOM

O artigo foi aceito para apresentação, e posterior publicação nos anais, no Simpósio de Comunicação da Região Tocantina (SIMCOM), que ocorre entre os dias 23 e 26 de novembro de 2021, de forma online e gratuita.

Com o tema “Jornalismo e Cultura digital na Era da Desinformação”, o evento é organizado pelo Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), campus Imperatriz, em parceria com o Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM/Imperatriz).

O XV SIMCOM tem como objetivo oferecer um espaço, online e gratuito, para divulgação científica e popularização das pesquisas realizadas no âmbito da graduação e da pós graduação, ampliando discussões que abordem os fenômenos decorrentes da comunicação em ambiente digital, em especial, os desafios do Jornalismo, em meio a um contexto de crise informacional.

Mais informações: http://www.simcom.ufma.br/

 

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